domingo, 18 de abril de 2010

CONVITE

ATIVIDADE NA BIBLIOTECA RAUL BOPP - RUA MUNIZ DE SOUZA, JUNTO DO PARQUE DA ACLIMAÇÃO - 05/05/2010, DAS 14 ÀS 17 HORAS.

Criação Literária - Jogos Poéticos (texto retirado da programação do mês)
Com Oiram Antonini
Considerando que a poesia é a "ação de fazer algo"; o poema "o que se faz"; o poeta "aquele que faz", cremos que a poética, a arte de fazer versos, possa servir para que crianças e jovens se viabilizem como cidadãos e autores da história.
No final haverá depoimentos e a leitura de trechos do livro "Duas no Espelho: um diário sobre o envelhecimento", de Dalva Soares Bolognini, que participou de oficinas de criação literária - que a impulsionaram a relatar a própria história no livro.

Observação minha: a atividade é destinada a pessoas de todas as idades. Será um grande prazer encontrá-los e conversar sobre o diário.

terça-feira, 16 de março de 2010

Como foi o processo de criação
Historicamente os diários existiram principalmente entre religiosos e viajantes, como escrita confessional ou para registrar os acontecimentos das longas travessias. Foi se popularizando à medida que o conhecimento das letras alcançava pessoas de todas as camadas sociais. Há diários muito conhecidos, transformados em filme de cinema ou TV, como O Diário de Anne Frank ou a recente minissérie sobre a vida da compositora e cantora Maysa.
Este surgiu da oportunidade de escrever durante o mini-curso "Diário como estilo literário", ministrado em 2004 pela Profª Marlene Bilenski no âmbito do Laboratório de Redação do Museu Lasar Segall. Programado como oficina, o curso propunha trechos do conhecimento teórico associados à prática imediata. Assim, a primeira sensação que surgiu em mim foi a angústia de ter-me tornado responsável por minha mãe, com quase 90 anos, que já vivia em minha casa há 5 e que ficava cada vez mais exigente e manipuladora.
Incentivada a continuar com esse diário que se apresentava temático, tratando na intimidade familiar de um assunto cada vez mais discutido - o envelhecimento, fui me animando com as narrativas do cotidiano que se revelava mais e mais difícil. Escrever o diário passou a ser uma válvula de escape para o estresse da relação com minha mãe. Aprendi também a me colocar, descrevendo os lugares que frequento e um pouco da minha visão da cidade de São Paulo no transcorrer das estações do ano. Em março de 2006 interrompi a escrita que se encaminhava para cenas repetitivas, para voltar ao tema somente em maio de 2009, depois do falecimento dela com 94 anos.
Nessa jornada refleti muito sobre a realidade do envelhecimento e da moradia. No Brasil, estamos vivendo as primeiras experiências de vida prolongada. Somos agora 15% da população e dentro de 20 anos seremos 30%. Será que estamos preparados para viver tanto? E para cuidar dos que ultrapassam os 90, talvez 95 anos de idade? Em que condições viveremos? Ficaremos sempre dependendo dos mais novos, que nessas circunstâncias também já estarão envelhecendo?
Não tenho respostas. Tenho apenas sugestões que podem se transformar em ideias possíveis.